A Associação Empresarial de Caçador (ACIC) recebeu na noite desta quinta-feira (8) a visita do presidente da Celesc, Cleicio Poleto Martins, para junto a lideranças políticas, empresariais e sociedade, apresentar os projetos de fortalecimento do setor energético com obras e investimentos a serem feitos em Caçador e região Meio-Oeste. O encontro se deve principalmente devido ao apagão do final do mês de maio, que deixou os caçadorenses por 95 horas sem energia elétrica quando da passagem de um tornado que derrubou torres de transmissão em Campos Novos, comprometendo o trabalho de indústrias, comércio, educação, saúde e o dia a dia dos caçadorenses.

Cleicio disse que posterior ao evento do tornado e até mesmo antes, técnicos da Celesc já estiveram na região, fazendo um novo traçado para uma nova linha de 230 mil volts no município de Abdon Batista que traria energia para a subestação de Videira, e paralelo a isso atuam na abertura de outra linha de 138 mil volts, que já está em processo da documentação para licenciamento ambiental e demais licitações a serem feitas para a execução da obra. O prazo apresentado pelo presidente da Celesc para este trabalho gira em torno de 2 anos. O objetivo com isso é oportunizar a “redundância” da linha de energia, que continuaria abastecendo Caçador e região em um possível outro acontecimento climático como foi o de Campos Novos, formando o chamado anel.

O presidente da Celesc admitiu que se um tornado ou evento parecido acontecer novamente agora, derrubando as torres, o apagão ocorrerá novamente. Mas para que isso possa ser amenizado, a linha de 138 mil volts que estava fora de operação entre Videira e Herval do Oeste devido a queda de torre em Tangará, está em processo de reativação com a instalação das linhas transmissoras rompidas, para caso ocorra algo novamente, esta linha possa suprir, mesmo que de forma precária, a falta de energia na região. A expectativa é finalizar os trabalhos em agosto, proporcionando mais segurança quanto a alimentação de energia.

Cleicio Poleto Martins declarou lamentar a perda de produções agrícolas, indústrias, comércio e os transtornos ocasionados pelo apagão para os cidadãos, mas ressaltou que nada a Celesc pode fazer pois além de se tratar de um evento climático, as torres que caíram em Campos Novos são administradas por empresa privada e que foi preciso aguardar pela restauração das torres para que a distribuição da Celesc pudesse voltar ao normal. No auditório da ACIC na noite desta quinta-feira, ele detalhou os projetos envolvendo obras e ações para a região.

“Estivemos em Brasília no Ministério de Minas e Energia juntamente com o governador Carlos Moisés, solicitando ao ministro celeridade também para a segunda linha de 230 mil volts, que serviria justamente de redundância para suprir a energia caso um evento climático volte a acontecer, como uma torre de backup.  A região passou por um evento fora da curva, totalmente atípico com ventos que ultrapassaram 150 quilômetros por hora. Sei que todos os moradores sofreram, mas nós fomos em busca de soluções”, acrescentou o presidente da Celesc.  

O presidente da Associação Empresarial de Caçador (ACIC), dr. Jovelci Gomes, agradeceu a apresentação de Cleicio e fez perguntas ao presidente da Celesc, sobre prazos para estas obras apresentadas e que são necessárias para todos os caçadorenses e moradores da região. Como empresário, Jovelci também sentiu na pele os efeitos da falta de energia para as indústrias e famílias.

“Nossa preocupação é que nossa população não passe por tudo isso novamente, ainda mais com o frio rigoroso que faz agora em nossa região, ficar sem energia seria uma situação lamentável. Gostaria de saber porque as coisas no Brasil não são bem feitas como em outros países desenvolvidos, e ainda temos o Instituto de Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) com falta de servidores na região para atuar, e isso gera uma demanda reprimida para promover os licenciamentos necessários”, destaca Jovelci.

O presidente da ACIC de Caçador também sugeriu à comitiva da Celesc a implantação de uma subestação de energia em Caçador, que hoje existe em Videira. “Caçador possui um PIB maior do que Videira e Joaçaba juntas. Quando chega a hora de pagar a energia, se não pagarmos, a Celesc vai lá e corta, mas ao contrário precisamos também de suporte com novas obras e não somente de remendos. O dinheiro que perdemos neste apagão envolvendo indústria, comércio e demais setores, nem se fala mais. O mais importante e preocupante foi o abalo emocional das pessoas, o trauma. Desculpem o desabafo, mas como presidente da ACIC preciso falar e também acredito que o que foi apresentado pelo presidente da Celesc esta noite certamente irá promover melhorias nestes problemas de energia existentes”, finaliza Jovelci Gomes.

Participaram da mesa de autoridades também o prefeito de Caçador, Saulo Sperotto; o deputado estadual Valdir Cobalchini; o vice-presidente da FIESC, Gilberto Seleme; e o presidente da Câmara de Vereadores, Moacir D’Agostini. A sugestão das autoridades foi que todos os investimentos previstos pela Celesc e apresentados no encontro em Caçador, estejam no papel pautados com cronograma e que isso possa passar pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina e se formalizem prazos com garantias.