Passado quase um mês do apagão que deixou sem energia elétrica todos os caçadorenses por 4 dias, ou mais precisamente 95 horas, a Associação Empresarial de Caçador (ACIC), Federação das Indústrias (FIESC), Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Associação das Micro e Pequenas Empresas (Ampe) e Sindicatos, voltam a se manifestar sobre o que ocorreu, o descaso do Governo do Estado, a falta de suporte, os prejuízos contabilizados em milhões de reais, e as medidas judiciais cabíveis que poderão ser promovidas caso a Celesc novamente falhe em não promover investimentos na região. Para todos eles o argumento é um só, Caçador é a 5ª força exportadora do Estado e a 13ª maior economia, não podendo esperar pela vontade de alguns.
O presidente da ACIC, doutor Jovelci Gomes, declara que a união de todas as esferas foi fundamental para que ações imediatas pudessem acontecer, e que a vinda do presidente da Celesc é aguardada para os próximos dias em Caçador para em reunião com os empresários e lideranças, colocando um ponto final nesta dúvida que paira na cabeça de todos, empresários, comerciantes e cidadãos em geral, sobre a possibilidade da região não sofrer novamente com um novo apagão e quais os investimentos imediatos.
“A reunião em Florianópolis trouxe dados e propostas. Mas temos que diariamente fazer esta cobrança, estar de olho, e pedir pareceres da concessionária Celesc e do Governo do Estado sobre o andamento dos trâmites para que estas obras e ampliação da rede de energia para Caçador e região aconteçam na prática. Ficar somente com a palavra deles dizendo que vai ocorrer não basta, é preciso soluções rápidas. O prejuízo foi grande para todos, sejam pequenas, médias ou grandes empresas. Sem contar a totalidade das famílias caçadorense que ficaram no escuro, perderam alimentos refrigerados, nossas crianças que tomaram banho frio, ficaram sem atividades escolares. Voltamos a idade da pedra e tivemos que nos reinventar durante quatro dias para viver. Não bastasse um vírus terrível que paira sobre nossas vidas todos os dias, ainda tivemos que ficar no escuro. Não falo aqui somente da perda financeira, mas dos danos psicológicos e o esforço que todas as famílias tiveram que fazer para passar pelo apagão. Foram momentos muito difíceis. Volto a dizer que nosso setor jurídico segue trabalhando para verificar a melhor forma de promover as ações necessárias e que o Ministério Publico está ciente de tudo. Não vamos esperar de braços cruzados por ações que podem demorar muito. Não temos mais tempo. Caçador, seus cidadãos, seus empresários e seus comerciantes, não podem mais esperar”, declarou Jovelci Gomes.
Fiesc quer energia com estabilidade e segurança
O empresário Leonir Tesser, vice-presidente Regional Centro-Norte da FIESC destaca que Caçador precisa de atenção pela sua importância econômica. Segundo ele, o apagão demonstra que isso não está sendo levado em consideração pela CELESC. “Para conseguir crescer, modernizar seu parque fabril, as empresas da cidade precisam investir em geração de energia própria e ainda são obrigadas a devolver parte dos investimentos para a CELESC. Esta realidade é preocupante. Isso prejudica a competitividade da nossa indústria. Temos que trabalhar para ter aqui, uma energia de qualidade, com estabilidade e segurança. Isso é fundamental para o desenvolvimento de Caçador e região”.
Comércio caçadorense estima R$ 1,7 milhão em prejuízos
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Caçador (CDL), Hemerson Pegoraro, declarou esta semana que o prejuízo estimado no comércio caçadorense passou de R$ 1,7 milhão sem a perspectiva de ressarcimento, ficando apenas o rombo nos caixas dos comerciantes.
“Com o apagão no início do mês, vimos o quanto é necessária uma segunda linha de transmissão de energia elétrica, pois durantes os 4 dias, poucas famílias e estabelecimentos tinham geradores, o que ocasionou muitas perdas nas famílias e no comércio em geral. Esperamos que em breve tenham os novos investimentos para nosso município e região evitando assim, novos transtornos de falta de energia elétrica, além de melhor qualidade na energia”, comentou.
Ampe anuncia prejuízos e espera soluções
A Associação das Micro e Pequenas Empresas e Empreendedores Individuais do Alto Vale do Contestado (Ampe), representa aproximadamente 3222 micro e pequenas empresas da região e mais 2945 micro empreendedores individuais. De acordo com entidade, todos foram afetados pelo apagão, gerando enormes prejuízos.
Diante do ocorrido, a Ampe promoveu uma pesquisa com os associados, para entender a gravidade da situação. A pesquisa mostrou que 65% dos afetados eram prestadores de serviços, 29% comércio e 6 % indústria. Na média foram aproximadamente R$ 700 mil em prejuízo e perdas com mercadorias e clientes, atraso de entregas, entre outros.
“É imprescindível que se tenham planos pela nossa fornecedora de energia (Celesc) para que nossa região tenha alternativas e que não venha mais sofrer com este atípico problema. Somos um município empreendedor, 13ª economia, 5º maior exportador, lutamos para que nossas empresas cresçam e possam gerar uma economia melhorando o desenvolvimento. Com isso, queremos e esperamos uma solução o mais rápido possível dos órgãos competentes, e que possamos continuar com nossas empresas gerando emprego e renda ao nosso município”, declarou o presidente da Ampe, Neimar Zapalai.
Sindicatos de Caçador contabilizam prejuízos
O Sindicato das Indústrias do Couro, Calçados, Vestuário e Artefatos de Couro de Caçador (Sincave), por meio de seu presidente Sr. José Carlos Tombini, demonstra grande indignação pelos prejuízos causados pelo apagão de quase 100 horas que ocorreu na cidade de Caçador e região no final de maio.
“Não imaginávamos que a nossa cidade era fim de linha de transmissão de energia e a Celesc não tinha um plano B para restabelecer a falta de energia. Cabe ressaltar, o abandono das autoridades do nosso Estado durante o apagão e também dos meios de comunicação estaduais, que não noticiaram o caos que se tornou a cidade de Caçador. Tivemos um grande prejuízo de milhões de reais em faturamento das empresas e multas contratuais recebidas pelos atrasos de embarque de produtos para o mercado nacional e internacional”, explica Tombini.
O presidente diz que empresas associadas ao Sincave , estão indignadas com a imobilidade do Governo Estadual e da Celesc. “Estamos aguardando o posicionamento do Ministério Público sobre a resposta da Celesc em cobrir os prejuízos causados pelo apagão. Se não houver uma solução imediata, o Sincave , juntamente com a Fiesc e demais Sindicatos da Região Meio-Oeste, irão entrar com uma Ação Indenizatória contra a Celesc. Além do ressarcimento dos prejuízos de toda a população, esperamos que a Celesc invista no fornecimento de energia e inicie um planejamento de nova linha de transmissão para a nossa região”.
O Sindicato das Indústrias da Transformação da Madeira de Caçador e Região (SIMCA) em carta, se diz indignado pelo pouco caso com seus associados, assim como com toda a comunidade da região, e vem publicamente demonstrar sua insatisfação e indignação contra a concessionaria de energia elétrica para a região, a CELESC, no que tange ao caos criado pela falta de investimentos e cuidados básicos desta concessionaria no suprimento de energia durante quase 100 horas.
Para o Sindicato houve dois apagões, o maior com a falta da energia, e a falta de informação para a população, sem uma nota de esclarecimento imediato, ninguém da concessionaria, muito menos da regional da Celesc, quanto mais da central para prestar informações.
O presidente do SIMCA, Aurélio De Bortolo, declara que os argumentos prestados até o momento pela Celesc não resolvem. “Nossa comunidade caçadorense descobriu que é “o fim de linha”, e não possuir uma opção alternativa em caso de qualquer imprevisto ou intempérie, não justifica e nem serve de argumento. O custo da energia é impactante nas indústrias, comércio e residências. Os lucros da companhia aparecem nas publicações todos os anos. Cabe a concessionaria fazer os projetos e executa-los para garantir o serviço. Colocar na conta do “imprevisto” é simplório por demais. Nos perguntamos: não será o momento de privatizar a concessão e condicionar que tenhamos a garantia de fornecimento por vias alternativas como é de praxe para o setor?”, indaga.
Aurélio enfatiza que os associados do SIMCA vêm investindo continuamente afim de poder competir e atender as demandas dos mercados nacional e principalmente internacional. E essa irregularidade no suprimento de energia de qualidade acarreta custos extraordinários, com perdas de matérias, horas produtivas e planos de produção, atrasando embarques e consequentemente atendimento aos clientes.
“Nossos associados, ainda atônitos, estão buscando argumentos para informar e acalmar os clientes que aguardam pelas entregas ou mesmo negociando para evitar sanções no caso de não cumprimento de prazos. Levantamentos preliminares indicam perdas que podem atingir cifras superiores a R$ 20 milhões. Nos preocupa sobremaneira os danos causados às pequenas indústrias, que tem orçamento muito justo e onde o caos ocasionado pelo apagão tem um impacto maior. O que fazer e como fazer para obter o ressarcimento sem que tenham que demandar mais recursos, um tempo infindável em discussões jurídicas, comprovações, além de aborrecimentos desnecessários?”.
A diretoria do SIMCA declara estar atenta sobre a definição das ações que garantam o fornecimento de energia para a região de forma regular, continua e segura. “A grande decepção com o ocorrido neste incidente, com certeza nos torna mais fortes e decididos na busca por nossos direitos e soluções definitivas junto concessionaria de energia elétrica, responsabilizando-os por falhas e prejuízos que porventura venham a ocorrer”, encerra Aurélio De Bortolo.